quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Merecimento

Há algumas semanas atrás estava conversando com vocês sobre uma pergunta que sempre está em nossa mente: Será que Deus realmente me ama? Hoje queria continuar essa reflexão falando um pouco sobre merecimento. E para começar vamos ver o que diz o texto de Mateus 20:1-16. Esse texto nos conta uma história de trabalhadores de uma vinha.

Quantos de nós cristãos nos identificamos com aqueles trabalhadores. Que trabalham o dia inteiro naquela vinha e ganham a mesma quantia dos que trabalharam metade do dia e se escandalizam com a atitude do empregador, assim como eles se escandalizaram. Precisamos entender que nenhum de nós recebe nada de Deus de acordo com nossos méritos, pois não somos capazes de atender as exigências de Deus para uma vida perfeita. E é exatamente aí que entra a graça de Deus e no Reino a palavra “merecimento” não existe.

Mais uma vez é preciso falar que não há nada que possamos fazer para nos tornar mais ou menos amados por Deus. E esse amor nos constrange... pois a graça é chocantemente pessoal, como destaca Henry Nouwen. “Deus se regozija não porque os problemas do mundo foram resolvidos, não porque todo sofrimento e dor da humanidade acabou, não porque milhares de pessoas se converteram e estão agora louvando a sua bondade. Não, Deus se regozija porque um de seus filhos estava perdido e foi achado.

Tudo bem, sabemos de tudo isso, mas ainda assim não conseguimos nos manter firmes na caminhada... vamos bem por um tempo, caminhando felizes da vida, ai algo acontece e nós fracassamos, e começa tudo de novo, um sentimento de indignidade nos envolve e nos tornamos quase impermeáveis á graça. David Seamans chegou à seguinte conclusão “de que as duas causas principais da maioria dos problemas emocionais entre cristãos evangélicos são o fracasso em entender, receber e viver a graça e o perdão incondicionais de Deus, e o fracasso em distribuir esse mesmo perdão e graça incondicionais á outros.

Nós lemos, ouvimos e cremos em uma boa teologia da graça. Mas não é assim que vivemos. As boas novas do evangelho da graça não penetram no nível das emoções. E o que fazer então para que possamos entender a graça e então passemos a viver a cada dia desfrutando dela em nossas vidas de uma forma plena?Para que isso aconteça, creio ser necessários dois passos.

1 – a cura de nossas feridas da alma que nos cegam para o amor de Deus, através de uma experiência de perdão genuína. Se de graça recebi de graça devo dar.

Onde a graça de Deus é omitida nasce amargura. Onde a graça de Deus é abraçada floresce o perdão. Max Lucado


As pessoas falharam com você? Pense em como Deus reage quando você falha com Ele. A chave para perdoar o ofensor é deixar de focalizar o que lhe fizeram e focalizar na cruz, ou seja, concentrar-se no que Deus fez por você. Lembra do servo inconseqüente que não entendeu a graça que o rei lhe estendeu e não conseguiu estender essa graça ao outro? (Mateus 18:34). Pois é, esses servos que não sabem perdoar acabam na prisão. Prisão de raiva, amargura, depressão, mágoa etc...
Deus não nos põem em uma cela, nós mesmos a criamos (Jó 21:23-25). Então a escolha mais sábia que você tem a fazer é estender graça. E tenha certeza de uma coisa você nunca terá mais graça do que Deus já tem lhe dado.

2 – Descobrir e firmar nossa identidade em Deus – Quando sabemos quem somos em Cristo, fica mais fácil conhecer e usufruir a graça de Deus sobre nossas vidas. Nossa posição de filhos está tão firmada em Deus que embora muitas vezes nos afastemos Dele em virtude de nossos erros, já conhecemos o caminho de volta para os seus braços e nada que o diabo nos diga vai nos manter longe Dele. Isso é viver graça!

Phillip Yancey em seu livro “Maravilhosa graça”, fala que se perguntassem á João qual a sua identidade, ele não responderia: Eu sou um discípulo, um apostolo, o autor dos quatro evangelhos, mas sim “Eu sou aquele a quem Jesus ama”. E continuando faz a seguinte reflexão: o que significaria se eu pudesse considerar como minha identidade principal na vida “ser aquele a quem Jesus ama”, como eu me veria diferente no final de um dia. E você já parou pra pensar dessa forma?

Mas o que mais me deixa maravilhada é que mesmo que não consigamos dar os dois passos acima mencionados, ainda assim Deus não desiste de nós, Ele vai atrás de nós persistentemente, e quando nos alcança nos enlaça em seus laços de amor, e ali nós encontramos paz, até que decidamos novamente fugir... E aí a corrida se inicia novamente, somos nós atrás da graça e Deus atrás de nós.

Bem vou ficando por aqui, até a próxima.

Carmen Schier

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